Representações Sociais da violência doméstica em comentários de rede social

Autores

  • Maiara LEANDRO Universidade Federal de Santa Catarina
  • Andréia Isabel GIACOMOZZI Universidade Federal de Santa Catarina
  • Juliana Gomes FIOROTT Universidade Federal de Santa Catarina
  • Djenifer MARX Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.21674/2448-0479.52.208-2016

Palavras-chave:

violência doméstica, representações sociais, mídias sociais, redes sociais

Resumo

No Brasil, mesmo com a implementação da Lei Maria da Penha, que visa proteger as mulheres, ainda existe um alto índice de feminicídio. Entende-se que por se tratar de um país com cultura machista e patriarcal há uma banalização da violência contra a mulher. Deste modo, esta pesquisa pretendeu analisar, através de um estudo documental com abordagem qualitativa, as Representações Sociais (RS) acerca da violência doméstica compartilhadas nas redes sociais. A pesquisa de RS em espaços virtuais permite ao pesquisador obter um material inédito e diferente do obtido pelas formas mais tradicionais de pesquisa. Foram analisados 133 comentários sobre uma reportagem divulgada através da rede de programação jornalística brasileira chamada Globo, conhecida por sua visibilidade. Para análise dos dados, foi realizado análise categorial temática. Os resultados obtidos indicaram que as RS veiculadas nos comentários dizem respeito a necessidade do cumprimento da legislação, também a culpabilização da mulher vítima de violência por não ter saído da relação abusiva. Também culpabilizam o homem ator de violência, mas este é visto como doente ou monstro. Observou-se questões vinculadas à religião como uma possibilidade de sentido, mas ao mesmo tempo, de conformismo. Ademais houve o acolhimento a mulher, mas violência deve ser resolvida com violência. Concluiu-se as RS sobre este fenômeno é polarizada, pois ora culpabilizam o homem, ora a mulher, entretanto não levam em consideração de que ambos foram educados na mesma cultura. E ainda é necessário maior envolvimento do poder público através de políticas públicas que trabalhem aprofundadamente a discussão sobre violências.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Os maiores jornais do Brasil de circulação paga por ano, 2015. Disponível em: <http://www.anj.org.br/maiores-jornais-do-brasil/.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: edições 70, 2017.

BEIRAS, Adriano et al. Políticas e leis sobre violência de gênero: reflexões criticas. Psicologia & Sociedade, v. 24, n. 1, p. 36-45, 2012.

BUTLER, Judith. Precarious life: The powers of mourning and violence. Verso, 2006.

CAMARGO, Brigido Vizeu; BOUSFIELD, Andréa Barbara S. Teoria das representações sociais: uma concepção contextualizada de comunicação. In: ALMEIDA, Angela Maria de Oliveira; SANTOS, Maria de Fatima Souza; TRINDADE, Zeidi Araujo (Orgs). Teoria das Representações Sociais: 50 anos (pp.433-454). Brasília: Technopolitik, 2011.

CARVALHO, Denise W.; FREIRE, Maria Teresa; VILAR, Guilherme. Mídia e violência: um olhar sobre o Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 31, p. 435-438, 2012.

CERQUEIRA, Daniel et al. Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha. 2015.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da violência. Rio de Janeiro: Ipea e FBSP, 2018.

CLÉMENCE, Alain; GREEN, Eva GT; COURVOISIER, Nelly. Comunicação e ancoragem: a difusão e a transformação das representações. In ALMEIDA, Angela Maria Oliveira; SANTOS, Maria de Fátima; TRINDADE, Zeidi Araújo (Orgs.). Teoria das representações sociais, v. 50, (pp. 179- 194). Brasília: Technopolitik 2011.

CONNELL, Robert William. Masculinidades . Polity, 2005.

CORDOVIL, Daniela. Espiritualidades feministas: Relações de gênero e padrões de família entre adeptos da wicca e do candomblé no Brasil. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 110, p. 117-140, 2016.

CHAUÍ, Marilena. Participando do debate sobre mulher e violência. Perspectivas antropológicas da mulher, v. 4, p. 23-62, 1985.

CRUZ, Suzyelaine Tamarindo Marques da; ESPÍNDULA, Daniel Henrique Pereira; TRINDADE, Zeidi Araújo. Violência de Gênero e seus Autores: Representações dos Profissionais de Saúde. Psico-USF, v. 22, n. 3, p. 555-567, 2017.

DINIZ, Glaucia Ribeiro Starling; PONDAAG, M. C. M. A face oculta da violência contra a mulher: o silêncio como estratégia de sobrevivência. Violência, Exclusão Social e Desenvolvimento Humano: Estudos em Representações Sociais, p. 233-259, 2006.

DE SOUZA MINAYO, Maria Cecília. Violência e saúde. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2006.

ESPÍNDULA, Daniel Henrique Pereira; TRINDADE, Zeidi Araujo. Clonagem humana: um estudo sobre a gênese das representações sociais. Psicologia e Saber Social, v. 2, n. 2, p. 176-190, 2013.

GUIMARÃES, F. “Mas ele diz que me ama...”: Impacto da história de uma vítima na vivência de violência conjugal de outras mulheres (Dissertação de mestrado). Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

FILHO, Claudio Claudino Silva. Violência Doméstica Contra a Mulher: Representações Sociais de Profissionais na Estratégia de Saúde da Família. Dissertação de mestrado do Curso de Enfermagem - Universidade Federal da Bahia Escola de Enfermagem, Salvador, 2013.

FONSECA, Denire Holanda; RIBEIRO, Cristiane Galvão; LEAL, Noêmia Soares Barbosa. Violência doméstica contra a mulher: realidades e representações sociais. Psicologia & Sociedade, v. 24, n. 2, p. 307-314, 2012.

GEERTZ, Cliford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2009.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. (4. Ed.) São Paulo: Atlas, 2002.

GROSSI, Patricia Krieger; TAVARES, Fabrício André; OLIVEIRA, Simone Barros. A rede de proteção à mulher em situação de violência doméstica: avanços e desafios. In MENEGHEL, Stela Nazareth (Org). Rotas criticas II: Ferramentas para trabalhar com a violência de gênero (pp. 212-227). Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Tolerância social à violência contra as mulheres, 2014. Disponível em: http://ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/140327_sips_violencia_mulheres.pdf

JODELET, Denise. Les representations sociales. Paris: PUF, 1993.

JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, Denise (org.). As representações sociais. (pp. 17-41). Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001.

LEI Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Congresso Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.

LIMA, Daniel Costa; BÜCHELE, Fátima; CLÍMACO, Danilo de Assis. Homens, gênero e violência contra a mulher. Saúde e Sociedade, v. 17, p. 69-81, 2008.

MEDRADO, Benedito; LEMOS, Anna Renata; BRASILINO, Jullyane. Violência de gênero: paradoxos na atenção a homens. Psicologia em Estudo, v. 16, n. 3, 2011.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise (Trad. A. Cabral). Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

MOSCOVICI, Serge. On social representation. In J. P. Forgas (Ed.), Social cognition (pp. 181-209). London: Academic Press, 1981.

PASINATO, Wânia. Lei Maria da Penha. Novas abordagens sobre velhas propostas. Onde avançamos? Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 10, n. 2, 2010.

PEDRO, Claudia Bragança; GUEDES, Olegna de Souza. As conquistas do movimento feminista como expressão do protagonismo social das mulheres. Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, v. 1, 2010.

PORTO, Maria Stela Grossi. A violência, entre práticas e representações sociais: uma trajetória de pesquisa. Sociedade e Estado, v. 30, n. 1, p. 19-37, 2015.

RAVAZZOLA, María Cristina. Historias infames: los maltratos en las relaciones. Paidós, 1997.

RODEGHIERO, Carolina Campos et al. Violência na internet: um estudo do cyberbullying no Facebook. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras - Universidade Católica de Pelotas, 2012.

SAFFIOTTI, H. I. B.Gênero, patriarcado, violência. São Paulo. Fundação Perseu Abramo, 2004. Coleção Brasil Urgente.

SANTI, Liliane Nascimento; NAKANO, Ana Márcia Spanó; LATTIERE, Angelina Lettiere. Percepção de mulheres em situação de violência sobre o suporte e apoio recebido em seu contexto social. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 19, n. 3, p. 417-424, 2010.

SCHRAIBER, Lilia Blima; OLIVEIRA, Ana Flavia. P. L. Romper com a violência contra a mulher: como lidar desde a perspectiva do campo da saúde. In MENEGHEL, Stela Nazareth (Org). Rotas criticas II: Ferramentas para trabalhar com a violência de gênero (pp. 131-141). Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2009.

SILVA, Luiz Antonio Machado da. Sociabilidade violenta: por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano. Sociedade e estado, v. 19, n. 1, p. 53-84, 2004.

SOUZA, Tatiana Machiavelli Carmo; REZENDE, Fernanda Ferreira. Violência contra mulher: concepções e práticas de profissionais de serviços públicos. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 9, n. 2, p. 21-38, 2018.

TOMAÉL, Maria Inês; ALCARÁ, Adriana Rosecler; DI CHIARA, Ivone Guerreiro. Das redes sociais à inovação. Ciência da informação, v. 34, n. 2, 2005.

Downloads

Publicado

2019-08-07

Como Citar

LEANDRO, M., GIACOMOZZI, A. I., FIOROTT, J. G., & MARX, D. (2019). Representações Sociais da violência doméstica em comentários de rede social. Revista Eletrônica Científica Da UERGS , 5(2), 208–216. https://doi.org/10.21674/2448-0479.52.208-2016

Edição

Seção

N. Especial: Ciências Humanas e Sociais