São os azeites de oliva mais instáveis que os óleos vegetais frente ao aquecimento? Um estudo comparativo

How cooking affects the chemical stability of oils

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21674/2448-0479.72.165-175

Palavras-chave:

Ácidos graxos;, estabilidade;, rancificação;, antioxidantes.

Resumo

 

Resumo

A procura por alimentos saudáveis está crescendo e os azeites vêm ganhando atenção. Entretanto, ainda não há consenso no que se refere às melhores formas de sua utilização na culinária. O objetivo desse estudo foi avaliar as possíveis modificações físico-químicas decorrentes do aquecimento em azeites de oliva em comparação a outros óleos vegetais. Amostras de azeites de oliva extravirgem (AOE) ou refinado tipo único (AOU); óleo de canola (OC) e óleo de soja (OS) foram selecionadas considerando as marcas mais procuradas pela população. Essas foram aquecidas a 40, 70, 120 e 180°C e analisadas quanto à rancificação hidrolítica (índice de acidez) e oxidativa (níveis de malondialdeído - MDA). Os resultados mostraram que o aquecimento foi capaz de alterar a disponibilidade de ácidos graxos livres em AOE e AOU (redução de cerca de 30 % no índice de acidez em relação à temperatura ambiente) em comparação à OC e OS. Alterações nesse parâmetro não foram observadas para os óleos. Quanto aos níveis de MDA, observou-se que tanto o AOE quanto o AOU são menos suscetíveis à termoxidação quando aquecidos, em comparação às amostras OC/OS, que apresentaram índices estatisticamente superiores. Quando comparados em conjunto, observou-se o seguinte comportamento para os níveis de acidez (AOE = AOU > OC = OS) e MDA (OS > OC > AOU = AOE). Os dados obtidos no presente estudo indicam uma maior aplicabilidade dos azeites de oliva em preparações aquecidas, no entanto, futuros estudos são necessários para melhor compreender as reações químicas envolvidas nos processos de termoproteção desses.

Palavras-chave: Ácidos graxos; estabilidade; rancificação; antioxidantes.

 

Abstract

Are olive oils more unstable than vegetable oils on heating? A comparative study

Demand for healthy foods is growing and olive oils are gaining attention. However, there is still no consensus regarding the best ways to use it in cooking. This study aimed to evaluate the possible physicochemical modifications resulting from heating olive oil compared to vegetable oils. Samples of extra virgin (AOE) or refined type (AOU) olive oils; canola oil (OC) and soybean oil (OS) were selected considering the most consumed brands by the population. Samples were heated at 40, 70, 120, and 180 ° C and analyzed for hydrolytic (acidity index) and oxidative (malondialdehyde - MDA) rancidity. The results showed that heating was able to alter the availability of free fatty acids in AOE and AOU (about 30 % reduction in acidity index compared to room temperature) in relation to OC and OS. Changes in this parameter were not observed for oils. Regarding MDA levels, it was observed that both of which olive oils were less susceptible to thermo-oxidation when heated compared to OC or OS, which showed statistically higher rates. When compared together, the following behavior was observed for acidity levels (AOE = AOU> OC = OS) and MDA (OS> OC> AOU = AOE). The data obtained in the present study indicate greater applicability of olive oils in heated preparations, however, further studies are needed to better understand the chemical reactions involved in their thermoprotection processes.

Keywords: Fatty acids; stability; rancification; antioxidants.

 

Resumen

¿Son los aceites de oliva más inestables que los aceites vegetales al calentarlos? Un estudio comparativo

La demanda de alimentos saludables es grande y los aceites de oliva están ganando atención. Todavía, no hay consenso sobre las mejores formas de utilizarlo en la cocina. El objetivo de este estudio fue evaluar los posibles cambios físicos y químicos derivados del calentamiento de los aceites de oliva en comparación con otros aceites vegetales. Muestras de aceite de oliva virgen extra (AOE) o refinado de tipo único (AOU); aceite de canola (OC) y aceite de soja (OS) fueron seleccionados considerando las marcas más buscadas por la población. Estos fueron calentados a 40, 70, 120 y 180 ° C y analizados para rancificación hidrolítica (índice de acidez) y oxidativa (malondialdehído - MDA). Los resultados mostraron que el calentamiento puede alterar la disponibilidad de ácidos grasos libres en AOE y AOU (reducción de aproximadamente 30% en el índice de acidez en relación a la temperatura ambiente) en comparación con OC y OS. No se observaron cambios en este parámetro para los aceites. Para los niveles de MDA, se observó que tanto AOE como AOU son menos susceptibles a la termoxidación cuando se calientan, en comparación con las muestras de OC / OS, que mostraron tasas estadísticamente más altas. Cuando se compararon juntos, se observó el siguiente comportamiento para los niveles de acidez (AOE = AOU> OC = OS) y MDA (OS> OC> AOU = AOE). Los datos obtenidos en el presente estudio indican una mayor aplicabilidad de los aceites de oliva en preparaciones calentadas, sin embargo, son necesarios futuros estudios para comprender mejor las reacciones químicas involucradas en sus procesos de termoprotección.

Palabras clave: Ácidos grasos; estabilidad; rancificación; antioxidantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline Aparecida Ramos Sosso , Universidade de Caxias do Sul (UCS)

http://lattes.cnpq.br/9049117207325088

Taís Júlia de Oliveira, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

http://lattes.cnpq.br/0688332687049402

Bruna Bellincanta Nicoletto, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

 http://lattes.cnpq.br/9438748584215497

Gabriela Chilanti, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

http://lattes.cnpq.br/2955116502119869

Cátia dos Santos Branco, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

http://lattes.cnpq.br/2955116502119869

Elizete Maria Pesamosca Facco, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

http://lattes.cnpq.br/2955116502119869

Referências

Referências

BASTIDA S, SÁNCHEZ-MUNIZ FJ. Thermal oxidation of olive oil, sunflower oil and a mix of both oils during forty discontinuous domestic fryings of different foods. Food Science and Technology, 7(1):15-21, 2001.

BOEREMA A et al. Soybean trade: balancing environmental and socio-economic impacts of an intercontinental market. PLoS ONE, 11(5): e0155222, 2016.

BONACCIO M et al. Mediterranean diet and mortality in the elderly: a prospective cohort study and a meta-analysis. British Journal of Nutrition, 120(8):841-854, 2018.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005. Aprova o Regulamento técnico para óleos vegetais, gorduras vegetais e creme vegetal. Diário Oficial da União, Brasília. 23 de setembro de 2005.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: Relatório sobre análise de gordura e colesterol azeites de oliva e de dendê. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro [Internet]. 2010. Disponível em: URL: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/relatorio_azeite_final.pdf. Acesso em: 15 Nov 2018

CASAL S et al. Olive oil stability under deep-frying conditions. Food and Chemical Toxicology, 48: 2972-2979, 2010.

CASTELO-BRANCO VN, TORRES AG. Capacidade antioxidante total de óleos vegetais comestíveis: determinantes químicos e sua relação com a qualidade dos óleos. Revista Nutrição, 24(1):173-187, 2011.

CHOE E, MIN DB. Mechanisms of antioxidants in the oxidation of foods. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 8(4):345-358, 2009.

CORSINI MS, JORGE N. Estabilidade oxidativa de óleos vegetais utilizados em frituras de mandioca palito congelada. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 26(1):27-32, 2006.

DIETARY REFERENCE INTAKES. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington, DC: The National Academies Press, 2005.

FERREIRA MCM. Aplicação de técnicas analíticas instrumentais e físico-químicas com quimioterapia para avaliação da qualidade e discriminação de óleos vegetais e azeites de oliva extra virgem. 2015. Dissertação (Mestrado). Campo Mourão: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2015.

FOOD INGREDIENTS BRASIL. Canola: uma variação genética mundialmente apreciada. Food Ingredients Brasil. [internet]. 2012. Disponível em URL: https://revista-fi.com.br/artigos/artigos-editoriais/canola-uma-variacao-genetica-mundialmente-apreciada. Acesso em: 19 Nov 2018.

FOOD INGREDIENTS BRASIL. Os tipos e os efeitos da rancidez oxidativa em alimentos. Food Ingredients Brasil [Internet]. 2014 [citado em 19 Nov 2018]; 29:38-45. Disponível em URL: http://revista-fi.com.br/upload_arquivos/201606/2016060396904001464897555.pdf.

FREIRE MCM, MANCINI-FILHO J, FERREIRA TAPC. Principais alterações físico-químicas em óleos e gorduras submetidos ao processo de fritura por imersão: regulamentação e efeitos na saúde. Revista Nutrição, 26(3): 353-358, 2013.

FUENTES PHA. Avaliação da qualidade de óleos de soja, canola, milho e girassol durante o armazenamento. 2011. Dissertação (Mestrado). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina 2011.

GRAÇA P, MATEUS MP, LIMA RM. O conceito de dieta mediterrânica e a promoção da alimentação saudável nas escolas portuguesas. Nutrícias, 19:06-09, 2013.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. Coordenadores Odair Zenebon, Neus Sadocco Pascuet e Paulo Tiglea. São Paulo, 2008.

LIMA ES, COUTO, RD. Estrutura, metabolismo e funções fisiológicas da lipoproteína de alta densidade. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 42(3): 69-178, 2006.

LIU Q, SINGH S, GREEN A. High-oleic and high-stearic cottonseed oils: nutritionally improved cooking oils developed using gene silencing. Journal of the American College of Nutrition, 21(sup3):205S-211S, 2002.

MARTÍNEZ L, ROS G, NIETO G. Hydroxytyrosol: health benefits and use as functional ingredient in meat. Medicines (basel), 5(1). Pii:e13, 2018.

MILCIADES A et al. Características agronômicas e teor de óleo da canola em função da época de semeadura. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 18(9):934-938, 2014.

NOGUEIRA-DE-ALMEIDA CA et al. Azeite de oliva e suas propriedades em preparações quentes: revisão da literatura. International Journal of Nutrology, 8(2):13-20, 2015.

OLIVEIRA MC et al. Características fenológicas e físicas e perfil de ácidos graxos em oliveiras no sul de Minas Gerais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 47(1): 30-35, 2012.

PAPASTERGIADIS A et al. Malondialdehyde Measurement in oxidized foods: evaluation of the spectrophotometric thiobarbituric acid reactive substances (TBARS) test in various foods. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 60(38):9589-9594, 2012.

PENZ LR. Estudo das alterações físico-químicas do azeite de oliva após tratamento térmico. 2010 Dissertação (Mestrado). Lajeado: Centro Universitário Univates, 2010.

REDA SY, CARNEIRO PIB. Óleos e gorduras: aplicações e implicações. Revista Analytica, 27:60-67, 2007.

RIOS HCS, PEREIRA IRO, ABREU ES. Avaliação da oxidação de óleos, gorduras e azeites comestíveis em processo de fritura. Revista Ciência & Saúde, 6(2):118-126, 2013.

RODRIGUES M et al. Azeite e Saúde. Nutrícias, 15:14-18, 2012.

SALES RL et al. Efeitos dos óleos de amendoim, açafrão e oliva na composição corporal, metabolismo energético, perfil lipídico e ingestão alimentar de indivíduos eutróficos normolipidêmicos. Revista Nutrição, 18(4): 499-511, 2005.

TAN BL et al. Antioxidant and oxidative stress: a mutual interplay in age-related diseases. Frontiers in Pharmacology, 9: 1162 2018.

THODE FS et al. Deterioração de óleos vegetais expostos a diferentes condições de armazenamento. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 18:07-13, 2014.

TOLENTINO MC et al. Avaliação da estabilidade foto-oxidativa dos óleos de canola e de milho em presença de antioxidantes sintéticos. Ciência Rural, 44(4):728-733, 2014.

TOMM GO et al. Tecnologia para produção de canola no Rio Grande do Sul. Embrapa [Internet]. 2009 Disponível em: URL: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/852550/tecnologia-para-producao-de-canola-no-rio-grande-do-sul. Acesso em: 14 Nov 2018.

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE [Internet]. Agricultural Research Service. Beltsville: Nutrient Data Laboratory. 2002-2005. Disponível em: https://www.ars.usda.gov/northeast-area/beltsville-md-bhnrc/beltsville-human-nutrition-research-center/nutrient-data-laboratory. Acesso em: 19 Nov 2018.

ZAKIR MM, FREITAS IR. Benefícios à saúde humana do consumo de isoflavonas presentes em produtos derivados da soja. Journal of Bioenergy and Food Science, 02 (3): 107-116, 2015.

ZHANG Q et al. Chemical alterations taken place during deep-fat frying based on certain reaction products: A review. Chemistry and Physics of Lipids, 165: 662-681, 2012.

Downloads

Publicado

2021-08-26

Como Citar

Ramos , A. A. ., Júlia de Oliveira, T., Bellincanta Nicoletto, B. ., Chilanti, G. ., dos Santos Branco, C. ., & Maria Pesamosca Facco, E. . (2021). São os azeites de oliva mais instáveis que os óleos vegetais frente ao aquecimento? Um estudo comparativo: How cooking affects the chemical stability of oils. Revista Eletrônica Científica Da UERGS , 7(2), 165–175. https://doi.org/10.21674/2448-0479.72.165-175

Edição

Seção

ARTIGOS INÉDITOS