Projeto banhados em nós - patrimônio cultural, material e natural da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

Autores

  • Débora Cristina da SILVA Universidade Feevale
  • Norberto KUHN JUNIOR Universidade Feevale

DOI:

https://doi.org/10.21674/2448-0479.34.711-722

Palavras-chave:

banhados, bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, gestão de recursos hídricos

Resumo

Os banhados (termo local de identificação de áreas úmidas) são capazes de influenciar beneficamente as condições de qualidade e quantidade das águas. A ocupação dos banhados da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos potencializa os efeitos negativos de inundações e aumenta a dificuldade de tratamento da água bruta para abastecimento humano. Ecossistemas que abrigam uma diversidade importante de espécies de plantas e animais, exercem papel de área de extravasamento dos corpos hídricos, capazes de armazenar e filtrar água dos períodos de cheia. A presente pesquisa propõe-se a defender o tombamento dos banhados como patrimônio, uma opção alternativa às leis de conservação ambiental e de gestão de recursos hídricos, por que estas não são observadas a ponto de assegurar a conservação dos banhados. Para tanto, baseou-se em duas questões orientadoras: a) Qual o espaço que o banhado tem na vida das pessoas que habitam a bacia hidrográfica do Rio dos Sinos?; b) Existem fatores materiais, culturais e naturais capazes de contribuir para o processo de tombamento dos banhados da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos? Para essa pesquisa, foram analisadas as políticas públicas e instrumentos legais que fundamentam a gestão dos recursos hídricos da região, através do COMITESINOS. Mas também foram consideradas outras fontes capazes de traduzir a relação entre pessoas e banhados: registros fotográficos, músicas, literatura e, especialmente, a escuta de narrativas de pessoas que viveram os banhados e que revelam “os banhados em nós e nós nos banhados”. Foram tratados, de um lado, dos riscos e ameaças dessa convivência, da marginalização de comunidades afetadas por períodos de cheia. Por outro lado, das trajetórias sociais, da melancolia de tempos vividos, do exercício da fé e do fornecimento de alimentos que valorizam tais ecossistemas e apontam para sua conservação. Pelos elementos descobertos nesta trajetória de pesquisa, é coerente a recomendação de que o reconhecimento dos banhados como patrimônio material, cultural e natural da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos desponta como uma estratégia viável de conservação “dos banhados em nós e de nós nos banhados” a ser incorporada às ações dos órgãos gestores.

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Biografia do Autor

Débora Cristina da SILVA, Universidade Feevale

Débora Cristina da Silva nasceu em 1980, no município de Novo Hamburgo/RS. Aos 15 anos, estimulada por sua irmã, associou-se como voluntária ao Movimento Roessler para Defesa Ambiental. Em 2003, passou a representar a entidade junto ao Projeto Peixe Dourado, coordenado pelo Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – COMITESINOS. Após experiências profissionais diversas, foi indicada ao cargo de Secretária Administrativa do COMITESINOS, onde trabalha ainda hoje compartilhando a coordenação de ações de mobilização social para envolvimento das comunidades em processos que contribuem para a gestão dos recursos hídricos da Bacia Sinos. Academicamente, é Mestre em Diversidade Cultural e Inclusão Social pela Universidade Feevale, Especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, graduada em Gestão Ambiental pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

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Publicado

2017-12-30

Como Citar

SILVA, D. C. da, & KUHN JUNIOR, N. (2017). Projeto banhados em nós - patrimônio cultural, material e natural da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Revista Eletrônica Científica Da UERGS , 3(4), 711–722. https://doi.org/10.21674/2448-0479.34.711-722

Edição

Seção

Resumos expandidos 3º SIGA