Projeto banhados em nós - patrimônio cultural, material e natural da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos
DOI:
https://doi.org/10.21674/2448-0479.34.711-722Palavras-chave:
banhados, bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, gestão de recursos hídricosResumo
Os banhados (termo local de identificação de áreas úmidas) são capazes de influenciar beneficamente as condições de qualidade e quantidade das águas. A ocupação dos banhados da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos potencializa os efeitos negativos de inundações e aumenta a dificuldade de tratamento da água bruta para abastecimento humano. Ecossistemas que abrigam uma diversidade importante de espécies de plantas e animais, exercem papel de área de extravasamento dos corpos hídricos, capazes de armazenar e filtrar água dos períodos de cheia. A presente pesquisa propõe-se a defender o tombamento dos banhados como patrimônio, uma opção alternativa às leis de conservação ambiental e de gestão de recursos hídricos, por que estas não são observadas a ponto de assegurar a conservação dos banhados. Para tanto, baseou-se em duas questões orientadoras: a) Qual o espaço que o banhado tem na vida das pessoas que habitam a bacia hidrográfica do Rio dos Sinos?; b) Existem fatores materiais, culturais e naturais capazes de contribuir para o processo de tombamento dos banhados da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos? Para essa pesquisa, foram analisadas as políticas públicas e instrumentos legais que fundamentam a gestão dos recursos hídricos da região, através do COMITESINOS. Mas também foram consideradas outras fontes capazes de traduzir a relação entre pessoas e banhados: registros fotográficos, músicas, literatura e, especialmente, a escuta de narrativas de pessoas que viveram os banhados e que revelam “os banhados em nós e nós nos banhados”. Foram tratados, de um lado, dos riscos e ameaças dessa convivência, da marginalização de comunidades afetadas por períodos de cheia. Por outro lado, das trajetórias sociais, da melancolia de tempos vividos, do exercício da fé e do fornecimento de alimentos que valorizam tais ecossistemas e apontam para sua conservação. Pelos elementos descobertos nesta trajetória de pesquisa, é coerente a recomendação de que o reconhecimento dos banhados como patrimônio material, cultural e natural da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos desponta como uma estratégia viável de conservação “dos banhados em nós e de nós nos banhados” a ser incorporada às ações dos órgãos gestores.
Downloads
Referências
ABRAMPA. Carta de Porto Alegre. VI Encontro Nacional do Ministério Público na Defesa
do Patrimônio Cultural. Disponível em:< http://www.abrampa.org.br/noticias_ listar.
php?idNoticia=94>. Acesso em: 19 jan. 2014.
ARANTES, A. O patrimônio cultural e seus usos: a dimensão urbana. In: Revista HABITUS.
Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia. Goiás. Goiânia, v. 4, no 1, jan/jun.2006.
ECKERT, C.; ROCHA, A. L. C. Etnografia da duração nas cidades em suas consolidações
temporais. In: POLÍTICA & TRABALHO Revista de Ciências Sociais, n. 34 Abr. 2011.
GONÇALVES, J. R. S. As transformações do patrimônio: da retórica da perda a construção
permanente. In: LIMA FILHO, M. F., TAMASO, I. M. (Orgs). Antropologia e patrimônio
cultural: trajetórias e conceitos. Brasília: Associação Brasileira de Antropologia, 2012.
IPHAN. Portaria No 127/2009. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=1236>. Acesso em: 07 jun. 2014.
JUNK, W. J. O equilíbrio ambiental que vem das áreas úmidas. Entrevista. IHU Online, São
Leopoldo: 2013. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br%2F entrevistas%2F522230-
entrevista-especial-com-wolfgang-junk&ei=F5y-VdWSKovQeNGXuuAI
&usg=AFQjCNFd4NAv9SS__dSI-qrROwsy8RW H0Q&sig2=WwoOnGPWAm8A
MQKG2lVd8A Acesso em 25 de julho de 2015.
JUNK, W. J.; SOUSA JUNIOR, P. T.; CUNHA, C. N. As áreas úmidas e o novo Código
Florestal. Disponível em:< http://www.techoje.com.br/site/techoje /categoria/abrirPDF/
> Acesso em 25 de julho de 2015.
JUNK, W. J. (Org.). Definição e Classificação das Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Base
Científica para uma Nova Política de Proteção e Manejo Sustentável. Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas – INAU, Cuiabá: 2013. Disponível
em: Acesso em 25 de julho de
SILVA, D.C. A participação social na gestão dos recursos hídricos ao longo dos 21 anos de
trabalho do Comitesinos. In: Novos Ambientes para a Participação. Brasília: UFMG, 2010.
TAMASO, I.; LIMA FILHO, M.F (Org.). Antropologia e Patrimônio Cultural: trajetória e
conceitos. Brasília, Associação Brasileira de Antropologia, 2012.
VERDUM, R.; VIEIRA, L. F. S.; PINTO, B. F.; SILVA, L. A. P. (Orgs) Paisagem. Leituras.
Significados. Transformações. Porto Alegre: UFRGS, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A reprodução total dos artigos da Revista em outros meios de comunicação eletrônicos de uso livre é permitida de acordo com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.