A ficcionalização do divórcio em Dona Anja
DOI:
https://doi.org/10.21674/2448-0479.101.13-21Palavras-chave:
Emenda constitucional, literatura, direito, crítica social, ficcional.Resumo
Este artigo examina como ocorre o registro ficcional da aprovação da Emenda Constitucional do Divórcio, introduzida no ordenamento jurídico brasileiro em 1977. Com a finalidade de verificar como se dá esse registro, elegeu-se o romance Dona Anja (1978), de Josué Guimarães (1921-1986). A narrativa literária se desenvolve na “casa” (bordel) da personagem Dona Anja, onde as autoridades da cidade reúnem-se para escutar pelo rádio a votação da emenda divorcista. Na contextualização da novela, produz-se uma análise da sociedade da época dividida entre divorcistas e antidivorcistas. Parte-se, para isso, da compreensão de que a obra é uma representação e como tal elabora uma releitura do objeto, produzida a partir da intepretação, da visão de mundo do autor, ficcionalizada na narrativa. A investigação possui natureza bibliográfica, no dialogo da Literatura com/na História, e com o Direito, uma vez que o assunto abordado é uma questão jurídica. Por fim, constata-se que Josué Guimarães, na escrita deste texto literário, e de maneira crítica, apresenta uma visão de um acontecimento de sua época (de vivência e testemunha de seu tempo e da escrita da novela), cumprindo, desse modo, com uma das funções literárias, a de ser produto social que, neste cenário, foi o de crítica ao regime vigente em sua corrompida sociedade.
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