Caracterização da viticultura comercial familiar em Santana do Livramento (RS)
Resumo
Dos municípios da região da Campanha Gaúcha que cultivam videiras, Santana do Livramento se destaca. Todavia, as pesquisas que abordam a vitivinicultura são voltadas para as grandes empresas, escamoteando a importância da produção da agricultura familiar. Essa lacuna no campo de produção de informações orientou o objetivo do presente estudo de realizar a caracterização socioprodutiva das unidades de produção familiar que exploram a viticultura em Santana do Livramento. A pesquisa foi exploratória, realizada remotamente, por meio de aplicação de questionário virtual semiestruturado a cinco viticultores que cultivam e comercializam uvas e produtos derivados. Os principais resultados foram discutidos em termos de tamanho de área, perfil dos produtores, acesso à terra, tratos culturais, controle fitossanitário e comercialização. Os viticultores familiares possuíam escolaridade diversificada e a maioria já havia acessado financiamento. As propriedades tinham entre 5 e 25 ha, sendo que em apenas uma delas a viticultura era a principal atividade desenvolvida. Eram cultivadas videiras americanas e europeias, entre três e vinte anos desde sua implantação, com destaque para a ‘Tannat’, ‘Concord’ e ‘Chardonnay’. A comercialização era realizada durante a safra diretamente ao consumidor ou destinada às vinícolas da Serra Gaúcha. A incidência de doenças fúngicas foi o principal problema de manejo destacado, sendo realizado o controle químico com o uso de agrotóxicos. Contudo, em apenas uma propriedade não foi utilizado qualquer tratamento de controle permitido para a agricultura de base ecológica. Apesar das dificuldades produtivas e, principalmente, para o escoamento da produção, os viticultores familiares ressaltaram benefícios acerca do cultivo de videiras, como uma diferente e importante fonte de renda e pretendem seguir na atividade.
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